Entrevista com ByMyCell: construindo uma startup de biotecnologia no Brasil
July 17, 2024 | 5 minute read
Por Redação Oracle
A ByMyCell, uma startup brasileira que aplica pesquisa genômica moderna à agricultura, está usando a Oracle Cloud Infrastructure (OCI) para ajudar agricultores e seus fornecedores a maximizar a produção de colheitas de forma sustentável.
Leo Leung, vice-presidente de tecnologia da Oracle e do OCI, conversa com Rafael Silva Rocha, fundador e CTO da ByMyCell, sobre como a tecnologia pode ajudar nesse cenário (a entrevista foi editada para maior clareza e concisão).
Leo Leung: Como é o ambiente de uma startup como a ByMyCell?
Rafael Silva Rocha: Estamos no estado de São Paulo, que responde por cerca de 40% da economia brasileira. Vários unicórnios nasceram aqui. Mas uma diferença é que, se uma empresa brasileira quer capital de risco, ela precisa gerar receita desde o início. Não pode dizer: “Ah, eu tenho essa tecnologia legal, mas nenhum cliente.”
Leo Leung: Qual problema a ByMyCell está enfrentando? Quem são seus clientes?
Rafael Silva Rocha: Somos uma empresa de biotecnologia focada em simplificar a genômica para o agronegócio. O cofundador da ByMyCell e eu viemos de um histórico acadêmico dedicado ao ensino e à pesquisa. Começamos a idealizar nossa empresa pois vimos uma maneira de construir uma solução tecnológica para ajudar as fazendas brasileiras a produzirem culturas mais saudáveis. Nosso público-alvo são dois tipos de clientes: agricultores e seus fornecedores. Os agricultores enfrentam desafios com o clima severo e na substituição de produtos químicos por biológicos. Além disso, dependendo do solo, certas combinações de solo e biológicos podem não resultar no rendimento esperado da colheita. Oferecemos, portanto, uma solução de agricultura de precisão baseada na análise do microbioma genômico, que lista os microrganismos presentes no solo. Com essas informações, os agricultores podem tomar decisões baseadas em dados, e não em experimentação.
Em segundo lugar, nossos relatórios permitem que os fornecedores adaptem os produtos que utilizam aos tipos específicos de solo. Então eles podem desenvolver produtos baseados no que é mais apropriado para o solo, o que ajuda os agricultores a cultivarem colheitas mais saudáveis e que resultam em maior crescimento. Isso também é bom para a saúde do solo a longo prazo. Ao executar a genômica através da nossa plataforma, eles podem selecionar novos biológicos e entregar um novo produto até seis vezes mais rápido do que antes. Além disso, nossos testes também mostram quais biológicos serão mais eficazes dadas as condições de cada fazenda.
Leo Leung: Antes de nos aprofundarmos, pode me contar mais sobre o mercado brasileiro?
Rafael Silva Rocha: O agronegócio é uma das maiores indústrias do Brasil, representando atualmente mais de 20% do PIB e um terço da cartela de empregos. Os agricultores estão tentando reduzir a quantidade de produtos químicos que utilizam, pois esses produtos levam à degradação do solo e impactam o crescimento das plantas. A mudança de produtos químicos para biológicos - derivados de materiais que se desenvolvem de forma natural - tem o efeito oposto, porque melhora a fertilidade do solo e promove o desenvolvimento saudável para uma solução mais sustentável e de longo prazo, ao mesmo tempo em que diminui a pegada de carbono. Nossos testes podem mostrar quais biológicos serão mais eficazes para suas condições. No entanto, esse processo pode ser um tanto complexo, pois não é uma abordagem ampla e exige que uma fazenda conheça a condição biológica de antemão para mapear corretamente os produtos que utiliza.
Leo Leung: Quais desafios você vê em termos de infraestrutura ou serviços em nuvem?
Rafael Silva Rocha: O lado desafiador de trabalhar com Inteligência Artificial (IA) e Unidades de Processamento Gráfico (GPUs) é que às vezes há escassez, com empresas muitas vezes competindo por recursos em nuvem. Com a Oracle, leva apenas 24 horas para liberar pedidos de novos recursos computacionais, enquanto com outros provedores de nuvem pode levar uma semana. Essa velocidade é essencial para entregar projetos na velocidade demandada pelo cliente. Além disso, a Oracle oferece desempenho de preço superior em comparação com outros fornecedores de nuvem.
Decidimos usar ambos: armazenamento local e em nuvem. Geramos, então, os dados e fazemos o processamento de forma imediata, reduzindo a complexidade e implementando computação em GPU. E então continuamos o processo na nuvem. Ter uma infraestrutura híbrida é mais difícil de gerenciar, mas é possível e apropriada para este cenário.
Leo Leung: Acredito que vocês estejam usando as ferramentas de Infraestrutura de IA e Computação de alto desempenho (HPC). Pode compartilhar mais detalhes?
Rafael Silva Rocha: No laboratório, o tipo de dados de sequência genômica gerado é obtido a partir de um sinal elétrico, e não da sequência clássica de nucleotídeos ATGC. Convertemos, então, o sinal elétrico em uma sequência de DNA em texto. Para fazer isso, temos modelos treinados por empresas especializadas e devemos executá-los em GPUs. Posso obter, por exemplo, 30Gb de dados para uma pequena fazenda, e devo comprimir isso em 10x a partir desse sinal em uma sequência de DNA como texto. Em seguida, carregamos todas essas informações na nuvem e executamos o pipeline para converter a mistura de sequenciamento em dados estruturados, onde podemos ver quais tipos de biológicos temos e qual é a abundância relativa.
A primeira parte do processo é realizada em GPUs no laboratório, e a segunda parte ocorre na nuvem, em um banco de dados Oracle HeatWave. Essa segunda parte, que também é uma computação de alto desempenho, é feita com CPUs na nuvem.
Leo Leung: Quais outras soluções de OCI vocês estão utilizando?
Rafael Silva Rocha: Estamos começando a experimentar o banco de dados Oracle HeatWave e devemos expandir o uso em breve. No momento, a prioridade é integrar os dados de uma maneira mais acessível e escalável. E então, precisamos treinar novos modelos para fazer previsões porque, no final do dia, nossos clientes não querem apenas um relatório, mas sim uma decisão como: "Certo, esta é a imagem do meu solo. O que devo fazer? E se eu fizer isso, quanto mais posso ganhar em produtividade?"
Leo Leung: Vocês desenvolveram aplicativos na OCI?
Rafael Silva Rocha: Sim, usamos 100% da OCI. Temos um aplicativo que é um gerador de propostas automático que permite aos usuários calcularem amostras. Também temos um aplicativo de gestão de informações do laboratório que fornece a infraestrutura para rastrear e processar amostras.
bymycell
Leia a entrevista (em inglês) no TechCrunch: https://techcrunch.com/sponsor/oracle/bymycell-founder-qa-building-a-biotech-startup-in-brazil-for-healthier-crops/
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